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Que saudades da professorinha que me ensinou o beabá - Por Verônica Eugenio

Que saudades da pracinha da matriz, da vendinha, da Mariazinha, da escolinha, ai que saudades da professorinha!


Confiram abaixo, uma história real contada pela Senhora Verônica Eugenio, que enche de emoção o coração de sua professorinha e de todos nos...


Professores são passarinhos

Nasceu no interior de uma cidadezinha espírito-santense.  Filha de agricultores e neta de donos de comércio. Por volta de 1940, por falta de professoras e, a pedido da comunidade, assumiu a sala de aula. Ainda menina. Conhecedora dos conteúdos a serem aplicados, aluna dedicada que sempre foi e, impossibilitada, de ir para a cidade para  dar continuidade aos estudos, resolveu atender as necessidades dos pequenos. Sem nenhum impedimento e repleta de sonhos, compartilhou com meninos e meninas os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos, junto aos professores que por ali passaram.

MULTIPLICADORA
Juntou todos os cadernos, revisou matérias estudadas, por conhecer as realidades da comunidade, das crianças do interior, inovou na aplicação de conteúdos que atendessem as necessidades dos alunos.

METODOLOGIAS
Embora sem receber formação específica, inovava. Se aula era de matemática, usava sementes de milho, caroços de feijão; de ciências, nada melhor que aves e passarinhos, cobras e lagartos; se português, ora de escrever um bilhete para o padrinho  ou primos, que se mudaram para a cidade. Tinha até atualidades, quando todos viram no céu, cruzar um Zepelim.

Com a experiência dos mais velhos, ao ver as formigas trilhando seus caminhos, o profetizar:


-Um dia, haverá tanta gente na cidade, que será preciso fazer pontilhões, assim como as formigas, para se chegar onde se quer. Quando a fiscalização passava, eram só elogios.


IDEAL
A turma composta por meninos e meninos de diferentes idades e estágios. Dividida por atividades. Enquanto ensinava a uns, os outros faziam tarefas; enquanto corrigia tarefas, outros copiavam do caderno de estudo. Na hora do recreio, oportunidade de brincar com os amigos e, também, alunos,  de amarelinha, molhar os pés no riacho, marcar uma pescaria, depois da missa no arraial, um arrasta-pé na casa dos primos ou vizinhos ao anoitecer, mesmo que se tivesse que caminhar cerca de uns 6/10 quilômetros a pé, até chegar a um vilarejo vizinho. Blim! Blim! Blim!!! Meninos!!!

SONHADORA
O sinal era um sino que ficava na entrada do sítio, na porteira. O material  educativo usado era adquirido pelos donos das vendinhas, ou trazidos pelos mascates. Nem sempre se tinha papel para fazer um cartaz, cola para afixar as poucas palavras escritas. A maioria das notícias eram advindas das visitas à cidade, ouvidas pelo rádio. Mesmo assim, trabalho em grupo: antecipadamente, pedia pedaços de papel de se enrolar os pães e outros alimentos, unia as partes, até ficar no tamanho desejado. A cola, era feita de cola de arroz, ou massa feita com trigo. Os enfeites, as margens, - Ah!!, totalmente naturais: flores do campo, sementes, terra.

CRIATIVIDADE
De vez em quando, a visita dos que alçaram voo: as notícias do mundo além da porteira. A aula parava. O compartilhar as novas experiências. As novidades do aprendizado, além do horizonte. Certo dia, o avô resolveu passar a venda.  Para não ficarem sozinhos no cultivo da terra, esta já cansada do plantio; embora o gado garantisse os lucros, vieram todos para cidade.

RECESSO
- O que será dos meninos e meninas que ainda não concluíram a última série?! O ultrapassar a porteira. O balanço da carroça, a trouxa de roupas pessoais e da casa, os cadernos deixados sobre o colchão de capim. As lágrimas haviam ficado no travesseiro de paina. Era preciso ser forte, afinal, o pai não gosta de lágrimas, a mãe tem sonhos, a irmã ainda menina. -Condições melhores para todos nós, diz a mãe!

ÊXODO
Ao primeiro nascer do sol,  o pulsar do ritmo da cidade: sinos das capelas, apito do trem, algumas poucas buzinas e as vozes das moças e rapazes uniformizados para as escolas. – Pai, mãe, quando farei minha matrícula, não vejo a hora de ter meu diploma! Pai, mãe, quando farão a matrícula? Pai, mãe....

PRECISA-SE DE COSTUREIRA
Teco teco teco teco... agulha na linha, linha na agulha da máquina... barulho de tesoura sobre a mesa. O sair às 6h, com os passarinhos e voltar às 18h com as primeiras estrelas. O deitar a cabeça no travesseiro e sonhar: um dia, me formo em professora e volto para o meu lugar...

REMINISCÊNCIAS
Tic-tac! tic-tac! Certo dia, na igreja: Professora!! Professora! Era uma das alunas do interior. Abraços. Estive no vilarejo,  dias destes, falaram que vocês vieram para cidade. Que saudades! Nunca esquecerei as aulas de Português, Matemática, Ciências.... Foram delas que me vieram os conhecimentos, inspiração para tornar-me uma professora,  inclusive, escrever esta cartinha, agradecendo-lhe: Obrigada, professora “Minga”, pelos ensinamentos que levarei por  toda a vida”!

“Minga” – termo carinhoso, dado por familiares e alunos, à Inaldina Vieira, hoje com 87 anos, moradora em Piúma, Litoral do Espírito Santo.

Que saudades da professorinha que me ensinou o beabá
Por Verônica Eugenio

Fonte:



Meus Tempos de Criança
Por Ataulfo Alves

Eu daria tudo que eu tivesse
Pra voltar aos dias de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança

Aos domingos, missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor, onde andará?

Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia

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